quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Altamiro Carrilho

   Hoje faz um ano que morreu Altamiro Carrilho, aos 87 anos.


   Altamiro gravou mais de 100 discos, compôs mais de 200 canções. Apresentou-se em mais de 40 países sempre difundindo o Choro brasileiro.
Foi o flautista com maior número de gravações registradas na história do disco no Brasil, além de ser considerado por críticos e especialistas da área como um dos maiores flautistas da história do instrumento.

   Para relembrar e matar a saudade, um excelente vídeo da TV Cultura, gravado em 1999. Uma aula de música, história da MPB e simplicidade, com este indiscutível mestre da flauta que foi Altamiro Carrilho.


   Neste vídeo, Altamiro conta algumas histórias de sua vida, de seus amigos e outros artistas, e executa algumas músicas famosas, com o acompanhamento do Evandro do Bandolim (bandolim), Luizinho (violão), Lúcio França (cavaquinho), Zequinha (pandeiro) e Dinho (segundo violão).
   Altamiro ganhou a primeira flauta aos 5 anos, como um presente de Natal. Em seguida, começou a produzir seus próprios instrumentos com bambu. Só aos 11 anos passou a ter aulas de música gratuitas com um carteiro. Pouco tempo depois, tocando flauta, venceu o programa de calouros de Ary Barroso. Esta história ele conta no vídeo (12:22)
   Depois, trabalhando como farmacêutico e continuando seus estudos de música à noite, conseguiu comprar uma flauta de segunda mão e iniciar sua carreira. 


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Piano Concerto

   Atualmente, o termo "concerto" refere-se às mais diferentes formações orquestrais e a vários tipos de obras. Costuma-se dizer, hoje em dia, que "vou no sábado assistir ao concerto da orquestra X", sem que com isto fique necessariamente implícito o tipo de obra que será executada. Ou seja, a palavra "concerto" virou um termo mais popular.

   No entanto, eu sou daqueles que ainda prefere usar o termo "concerto" naquele sentido mais clássico, que solidificou-se lá na época do Romantismo: um tipo de obra na qual temos um ou dois instrumentos solistas acompanhados por uma orquestra. Foi justamente no Romantismo onde os concertos passaram a ter como propósito explorar ao máximo o virtuosismo do solista.

   Ao longo da história foram escritos concertos para os mais diversos instrumentos solistas, desde concerto para tuba até concerto para gaita diatônica. Mas de todos os tipos de concerto, o meu preferido ainda é (e sempre será) o concerto para piano. Existe algo de excelência neste tipo de concerto, algo quase místico. Até visualmente é bonito, aquele enorme piano de cauda semi-cercado pela orquestra, com a qual estabelece uma relação de "amigável disputa", que resulta, certamente, em uma experiência musical fantástica. Vários outros tipos de concerto são muito bonitos, mas o concerto para piano é mágico.

   Tornar-se um pianista em condições de ser solista em um concerto para piano é para poucos. Envolve muito, mas MUITO estudo, dada a complexidade inerente do piano. Mas particularmente no mundo dos concertos para piano, ser um solista de destaque exige mais do destreza, memória, técnica e 8 horas diárias de estudo: exige talento e expressividade.

   A BBC fez um programa muito bom sobre isto, em sua série "Imagine...". O documentário chama-se "Imagine being a concert pianist". É um documentário de 2005 (em inglês), mas vale a pena ver pois continua certamente muito atual.


   Basicamente, este documentário trata dos vários fatores envolvidos para se tornar um pianista de concerto, desde a dificuldade, o tipo de estudo, o que se espera de um solista nos dias de hoje, onde temos centenas e centenas de pessoas estudando para isto, mas apenas alguns poucos de destacam e chegam a gravar CDs, DVDs e tocar com as grandes orquestras.

   Se você não quiser ver o documentário todo, tudo bem. Mas deixo abaixo listado alguns pequenos trechos que merecem uma olhadinha rápida:

0:51 - Este é Benjamin Grosvenor, na época com 12 anos. Este simpático garotinho de língua meio presa deixou muito pianista profissional de queixo caído. Ele dá uma entrevista bem interessante logo alguns minutos depois. O que ele faz no piano é sobrenatural.

7:32 - Nas palavras do mestre Artur Rubinstein (que aparece várias vezes no documentário): "(...) you cannot learn talent". Segundo ele, você nasce com o talento e depois apenas o desenvolve. Mas você não pode aprender o talento.

22:00 - Na escola Juilliard de música, em Nova Iorque, olha o nível das aulas que eles têm lá. Professores de excelência lapidando pianistas de várias partes do mundo. Ali não adianta ler a partitura e tocar muito bem. Você precisa expressar algo com isto, e também saber expressar-se. Aos 24:40, a professora pergunta ao aluno: "Qual a diferença entre o meu jeito de tocar e o seu?" É o tipo de pergunta que coloca o aluno em cheque...

27:00 - Este chinês é Lang Lang, excepcional pianista da atualidade. Ele tem uma característica que eu acho interessante nos melhores pianistas: ele toca com emoção. Veja um pré-aquecimento dele antes de entrar em palco (para execução do magistral Concerto n. 4, de Beethoven), não só em termos de piano, mas como ele repassa a música mentalmente, estuda a partitura, prepara-se emocionalmente para a apresentação, como ele lida com o nervosismo. É uma espécie de mini-aula com um jovem mestre. Imperdível. É legal vê-lo nos bastidores, e aos 29:42 ele entra no palco. Aos 30:30 inicia o concerto. Este Concerto n.4 de Beethoven já inicia com alguns acordes ao piano. Este início em particular não é tecnicamente difícil, mas emocionalmente difícil. E Lang Lang atinge a perfeição. Eu, particularmente, nunca ouvi execução tão perfeita como esta do Lang Lang. Ele próprio fala mais sobre isto na sequência.

   (Aliás, um comentário: se você nunca ouviu o Piano Concerto n.4, de Beethoven, não perca mais tempo. Tire um tempo e ouça, mas com atenção, com qualidade. Tua noção do que é música de verdade vai subir um degrau depois disto, no mínimo...)

53:15 - Uma palhinha do pianista russo Yevgeny Kissin. Ele toca BEM melhor do que fala inglês.

   Para finalizar, existem na Internet listas de discussão perguntando qual é o concerto para piano mais bonito. Só pessoas muito principiantes em termos de música podem responder a uma pergunta destas. Existem vários concertos muito bonitos, incomparáveis entre si. Quem consegue eleger um como sendo O MAIS bonito, é porque precisa aumentar seus horizontes em termos de experiências e conhecimentos musicais.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Interpretação (I)

Neste post estou considerando o termo "interpretação" no sentido de execução musical, ou seja, ao processo musical de transformar a música escrita (em partituras ou registros escritos) em música propriamente dita, criando a experiência sonora ao ouvinte.

As incontáveis variações e diferenças que aparecem nas interpretações é o que torna, na minha opinião, a música erudita tão interessante. Nem mesmo peças célebres são imunes a uma interpretação medíocre, e o contrário também ocorre: peças simples crescendo em força e sonoridade, graças a uma excelente interpretação. É como disse Gustav Mahler, em uma frase parecida com esta: "A partitura tem tudo sobre a música, exceto o essencial." O próprio Carlos Gomes, em carta a Francisco Braga, escreveu que "a música é expressão e expressão não se escreve".

É evidente que este assunto é vastíssimo e complexo. A interpretação está apoiada e limitada em vários outros fatores, igualmente diversos e complexos, tais como partituras com especificações não muito exatas, perícia dos músicos no que diz respeito ao domínio de seus instrumentos (assim como a qualidade dos próprios instrumentos), gosto pessoal dos maestros, modificações na orquestração, etc.

Se você conhece o mínimo de música erudita já deve ter percebido como diferentes interpretações podem realmente afetar profundamente a obra. Mas vamos explorar o assunto de uma forma prática. Escolhi uma obra de Mozart para mostrar, usando alguns videos, como uma mesma obra soa diferente dependendo de quem a está executando.

A obra escolhida foi o Divertimento em Ré Maior, KV 136, em seu terceiro movimento, "Presto". A primeira coisa é ter em mãos a partitura da obra. Neste ponto já temos o primeiro problema, ou seja, o primeiro ponto onde podem começar as diferenças. A pergunta é: "qual partitura?" Sim, pois não temos em mãos a original manuscrita de Mozart (e não seria muito útil, a menos que já estivéssemos acostumados com a caligrafia dele). Então as partituras que temos são cópias das cópias das cópias... O quanto distante isto já está da ideia original do compositor? Este é o primeiro ponto, no qual começam a nascer as potenciais diferenças.

Vamos tentar então pegar a partitura mais confiável que conseguirmos. Temos esta:

IMSLP64150-PMLP14900-Mozart_Werke_Breitkopf_Serie_14_KV136.pdf

(Aliás, perguntinha rápida: você conhece o IMSLP? Se você curte música erudita e não conhece o IMSLP, então sua vida está prestes a mudar.... clique aqui e impressione-se)

É uma partitura para quarteto de cordas. Na página 8(284) inicia-se o Presto. Aqui, outro ponto onde as diferenças podem se acentuar ainda mais. Na partitura diz apenas "Presto" e nada mais. Não temos o tempo exato que Mozart imaginou ao compor a obra. Que valor colocamos no metrônomo? Este é um motivo de muita discussão. Veja neste link de teoria musical os vários valores aceitáveis para as mais diferentes marcações de tempo. Para "Presto" temos o seguinte:

  • 100-152 bpm (some sources suggest 168-208 bpm)
  • (a nineteenth-century Maezel metronome suggests 160 bpm)
  • (a 1950 metronome suggests 144 bpm)
  • (a modern electronics metronome suggests 180 bpm)

Então, dependendo da escola do músico, de sua formação musical, dependendo da literatura na qual ele se baseia, podemos ter uma execução que vai de 100 bpm até 208 bpm!!! Não sei se você tem uma noção clara do quanto um extremo difere do outro. Se não tem, vamos ver então, na prática. De posse da partitura e de um metrônomo (se você não tem um, pode usar um metrônomo on-line, como este aqui), tente solfejar a música em 100 bpm e depois em 208 bpm.

Bom, certamente você já percebeu que, apesar destes valores estarem presentes na literatura, é bem estúpido considerar ambos como "Presto". Mas então, qual valor usar? O ponto médio entre os extremos? Quais extremos? A partir deste ponto, não existem mais respostas certas e erradas. Vai depender de como você vai interpretar a obra. A título de curiosidade, com o passar dos anos esta bagunça foi sendo eliminada com os compositores colocando o valor explicitamente na partitura (por exemplo, M.M. = 160), complementando de maneira mais exata a palavra (ou frase) que indica o andamento. Alguns músicos acham que isto deixa a partitura "engessada demais", pois o compositor não dá liberdade na escolha do metrônomo. Ora, isto é idiotice pois há muito mais em jogo. Definir com exatidão o metrônomo não deixa coisa alguma engessada, apenas coloca uma definição mais correta em algo que deveria ser, por definição, matematicamente exato. E músicos não são computadores executando um arquivo MIDI... haverão naturalmente acelerações, retardos, etc, etc., tudo dentro do que se espera de músicos humanos e emocionais, só que tendo como base o metrônomo.

A seguir, eu vou colocar 3 videos com diferentes interpretações da obra em questão. No primeiro, temos Herbert von Karajan conduzindo a Filarmônica de Berlim. O "Presto" começa aos 9:16. Pode ir direto até lá e ouça o "tio Herbert" apressado, castigando a orquestra... devia estar atrasado para algum compromisso, ou algo assim.


No segundo vídeo, não sei quem são os interpretes. Só sei que são lerdos. O "Presto" começa aos 14:27. Ouça:

Neste terceiro vídeo, a execução foi feita pelo pessoal da Drottningholm Baroque Ensemble, utilizando instrumentos autênticos da época barroca. Antes que os puristas pulem de alegria, vou provocar aqui com minha opinião: usar instrumentos de época não é, necessariamente, sinônimo de melhor sonoridade. Felizmente, os instrumentos evoluíram muito desde aquela época. Ouça e tire suas próprias conclusões:


E então? Qual você gostou mais?
Antes de responder (ou se você não gostou de nenhuma delas, o que é mais provável....), ouça a interpretação de Seiji Ozawa, conduzindo a Mito Chamber Orchestra, vindo de uma modesta gravação em VHS de 1990.

E agora? Me arrisco a dizer que agora sim, este movimento "agradou seu ouvido e alegrou seu coração". Na minha opinião, a melhor interpretação deste movimento é algo bem próximo a isto. Interpretação limpa, exata, com energia e leveza, levando o andamento "Presto" nem para um extremo nem para outro.

Este pequeno exercício foi só para ilustrar o quanto a interpretação influencia no resultado sonoro, assim como as escolhas acerca da instrumentação, etc. Para quem gosta de música erudita, uma das dificuldades (mas, ao mesmo tempo, é um dos prazeres) é 'garimpar' as melhores interpretações. Muitas vezes vale a pena até pagar por isto, por um determinado CD ou DVD que contém aquela interpretação perfeita! A busca pelas melhores interpretações é algo que acompanha o ouvinte apreciador de boa música por toda a vida.

domingo, 30 de junho de 2013

Edvard Grieg

Grieg é sem dúvida o maior compositor da Noruega, sendo um dos responsáveis por colocar a Escandinávia no mapa musical. É bem verdade que Grieg viria a ser um pouco marginalizado na história da música clássica, mas, apesar disso, exerceu grande influência sobre os compositores franceses do século 20. Grieg morreu em setembro de 1907.


Sua exploração da música folclórica norueguesa e colaborações com escritores conterrâneos ajudaram-no a desenvolver um estilo abertamente nacionalista em espírito. Suas melhores obras estão nas canções líricas e nas requintadas peças instrumentais. Quem não conhece as Suítes Peer Gynt n.1, Op.46 e n.2, Op.55 ? Logo nos primeiros segundos do vídeo abaixo você vai lembrar:


Estas suítes são livremente baseadas em contos de fadas noruegueses. Nasceram de 23 peças curtas compostas como música incidental para uma montagem teatral. Para Grieg, mestre da miniatura, a música incidental para teatro era a forma ideal.
As vezes Grieg é depreciado por ser miniaturista, e não deixa de ser verdade, mas reconhece-se como uma exceção o majestoso Concerto para piano, op.16. Este concerto foi fortemente influenciado pelo concerto para piano de Schumann e também Liszt. Aliás, reza a lenda que Liszt viu a obra em manuscrito e impressionou Grieg ao tocá-la perfeitamente à primeira vista!
Se você não conhece este concerto, tire uma meia hora e assista-o, de preferência com um som decente e em 720p. Os compassos de abertura desta obra devem ser dos mais instantaneamente identificáveis em toda a música clássica.


O solista gurizão no vídeo acima chama-se Hannes Minnaar, pianista holandês que, apesar da pouca idade, já vem ganhando destaque no meio musical. Na verdade, fiquei impressionado com a execução dele deste concerto. Não é uma execução estática (tem alguns pianistas que parecem uma múmia dedilhando ao piano), e que se sai com desenvoltura tanto nas partes mais virtuosas quanto nas partes mais suaves. Neste concerto de Grieg, a principal forma de saber se o solista é bom (óbvio, assim como em boa parte dos concertos de piano), é a parte da cadenza. Ouve só o que o guri faz dentre os 8:36 e 11:52... chega a dar pulos na cadeira! E esta energia toda passa para a música, excelente.


Aliás, uma ótima dica é este site da Avro:

http://cultuurgids.avro.nl/front/archiefklassiek.html
ou ainda o canal deles no YouTube

Tem MUITA coisa legal ali, magnificamente gravados, tanto áudio quanto imagens, e isto sem falar da parte musical: execuções mais que excelentes (a nossa OSPA tem que comer muito feijão para chegar perto disto...).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Jackie Evancho


Já tem algum tempo que este post está na fila, mas apenas agora consegui concluí-lo. É um post sobre o que acontece na vida quando se juntam educação, disciplina, investimento, oportunidade e, principalmente, talento. E, em se tratando particularmente de música, eu diria que desta lista o talento é o item essencial. Se vocês ainda não conhecem, lhes apresento Jackie Evancho, esta garotinha da foto abaixo:


Jackie nasceu em abril de 2000, em Pittsburgh, Pennsylvania, e já era razoavelmente conhecida em sua região, onde já apresentava-se como cantora desde 2009. Mas foi ao participar da 5º edição do America's Got Talent (sim, o mesmo programa que apresentou Susan Boyle ao mundo) que ela tornou-se realmente conhecida. Esta edição foi em 2010, e olhem só como foi a primeira apresentação dela no concurso, cantando a ária "O Mio Babbino Caro", da ópera Gianni Schicchi (1918), de Giacomo Puccini:


Quando vi este video pela primeira vez, além de emocionado, fiquei muito impressionado. Eu mal podia acreditar nisto, a imagem parecia não combinar com o som: uma típica garotinha de 10 anos, só que cantando melhor do que muita gente grande por aí. Na época os comentários eram vários. Talvez pelo impacto que ela tenha causado no público do America's Got Talent, muita gente considerava a Jackie como sendo a "segunda Susan Boyle". Outros ainda mais empolgados a consideravam como "uma representante dos anjos na Terra".

Obviamente houveram críticas. Algumas pessoas criticavam coisas do tipo "os poofs no microfone", ou ainda as respirações em lugares inapropriados... Eu li algumas merdas deste tipo, ditas por pessoas em geral negativas que só sabem ressaltar os defeitos. Porra, ela tinha apenas 10 anos!! Tem centenas de cantores adultos que não têm metade do fôlego que ela tem. E havia ainda quem acreditasse firmemente que tudo não passava de uma fraude, que era tudo playback e que a garotinha simplesmente mexia os lábios, dublando sei-lá-quem. Ela já participou de tantos programas de televisão, de tantos eventos, foram tantas as oportunidades nas quais ela demonstrou que é ela mesma quem canta, que nem vale a pena considerar este argumento. Aliás, com 12 anos de idade ela já tem uma vida artística mais plena e rica do que muito artista profissional por aí (em particular artistas brasileiros).

Na verdade, o fenômeno Jackie Evancho é tão impressionante que até é compreensível que as pessoas duvidem. Mas o fato é que ela é aquelas raras combinações de talento e investimento. Para um artista brilhar, em particular no meio musical, é preciso ter talento (que pode e deve ser lapidado com muito estudo, dedicação e paixão) mas também ter investimento, tanto na educação básica (na formação que começa em casa com incentivo da família) quanto na divulgação. Se só existe o talento, é como uma semente que não se desenvolve, uma grande promessa que não se concretiza. Se só tem investimento, vira algo meio artificial, meio sem sabor, como uma Britney Spears.

Se você procurar informações sobre Jackie na Internet, vai ver várias vezes a expressão "crossover singer", categoria na qual Jackie é classificada. Crossover singer é um termo usado para definir aquele cantor ou cantora que consegue colocar a voz tanto para música popular quanto para música erudita. Um exemplo típico deste tipo de cantora é Sarah Brightman, de quem Jackie é fã. Aliás, inclusive já cantaram juntas. Fizeram um dueto na final do America's Got Talent. Eu não gosto muito de Sarah Brightman, mas foi bonitinho ver o comportamento da Jackie frente a sua ídola. E olha: acho que a Jackie canta melhor...


Aos 11 anos Jackie fez o concerto "Dream with me", produzido em parceria com a Sony Music, onde ela faz duetos com vários artistas, entre eles Barbara Streisand e Susan Boyle, igualmente revelada ao mundo pelo America's Got Talent. O interessante é que, assim como Susan, Jackie não venceu a final: ficou em segundo lugar, perdendo para um tal de Michael Grimm. Abaixo um dos momentos do concerto, onde ela canta Nella Fantasia, uma canção em italiano baseada na música "Gabriel's oboe", tema principal do filme The Mission, de 1986. É de arrepiar...


Em outubro do ano passado (2012) foi lançado o quarto álbum de Jackie Evancho, chamado de Songs from de Silver Screen, contendo 12 músicas usadas em vários filmes, inclusive alguns filmes da Disney, arranjadas por Bill Ross. Assim que possível, vou dar uma conferida neste álbum.


Eu sinceramente desejo que Jackie Evancho continue em ascenção, continue desenvolvendo sua técnica e aprimorando o talento que já possui. Eu, particularmente, já virei fã.