Já tem algum tempo que este post está na fila, mas apenas agora consegui concluí-lo. É um post sobre o que acontece na vida quando se juntam educação, disciplina, investimento, oportunidade e, principalmente, talento. E, em se tratando particularmente de música, eu diria que desta lista o talento é o item essencial. Se vocês ainda não conhecem, lhes apresento Jackie Evancho, esta garotinha da foto abaixo:
Jackie nasceu em abril de 2000, em Pittsburgh, Pennsylvania, e já era razoavelmente conhecida em sua região, onde já apresentava-se como cantora desde 2009. Mas foi ao participar da 5º edição do America's Got Talent (sim, o mesmo programa que apresentou Susan Boyle ao mundo) que ela tornou-se realmente conhecida. Esta edição foi em 2010, e olhem só como foi a primeira apresentação dela no concurso, cantando a ária "O Mio Babbino Caro", da ópera Gianni Schicchi (1918), de Giacomo Puccini:
Obviamente houveram críticas. Algumas pessoas criticavam coisas do tipo "os poofs no microfone", ou ainda as respirações em lugares inapropriados... Eu li algumas merdas deste tipo, ditas por pessoas em geral negativas que só sabem ressaltar os defeitos. Porra, ela tinha apenas 10 anos!! Tem centenas de cantores adultos que não têm metade do fôlego que ela tem. E havia ainda quem acreditasse firmemente que tudo não passava de uma fraude, que era tudo playback e que a garotinha simplesmente mexia os lábios, dublando sei-lá-quem. Ela já participou de tantos programas de televisão, de tantos eventos, foram tantas as oportunidades nas quais ela demonstrou que é ela mesma quem canta, que nem vale a pena considerar este argumento. Aliás, com 12 anos de idade ela já tem uma vida artística mais plena e rica do que muito artista profissional por aí (em particular artistas brasileiros).
Na verdade, o fenômeno Jackie Evancho é tão impressionante que até é compreensível que as pessoas duvidem. Mas o fato é que ela é aquelas raras combinações de talento e investimento. Para um artista brilhar, em particular no meio musical, é preciso ter talento (que pode e deve ser lapidado com muito estudo, dedicação e paixão) mas também ter investimento, tanto na educação básica (na formação que começa em casa com incentivo da família) quanto na divulgação. Se só existe o talento, é como uma semente que não se desenvolve, uma grande promessa que não se concretiza. Se só tem investimento, vira algo meio artificial, meio sem sabor, como uma Britney Spears.
Se você procurar informações sobre Jackie na Internet, vai ver várias vezes a expressão "crossover singer", categoria na qual Jackie é classificada. Crossover singer é um termo usado para definir aquele cantor ou cantora que consegue colocar a voz tanto para música popular quanto para música erudita. Um exemplo típico deste tipo de cantora é Sarah Brightman, de quem Jackie é fã. Aliás, inclusive já cantaram juntas. Fizeram um dueto na final do America's Got Talent. Eu não gosto muito de Sarah Brightman, mas foi bonitinho ver o comportamento da Jackie frente a sua ídola. E olha: acho que a Jackie canta melhor...
Aos 11 anos Jackie fez o concerto "Dream with me", produzido em parceria com a Sony Music, onde ela faz duetos com vários artistas, entre eles Barbara Streisand e Susan Boyle, igualmente revelada ao mundo pelo America's Got Talent. O interessante é que, assim como Susan, Jackie não venceu a final: ficou em segundo lugar, perdendo para um tal de Michael Grimm. Abaixo um dos momentos do concerto, onde ela canta Nella Fantasia, uma canção em italiano baseada na música "Gabriel's oboe", tema principal do filme The Mission, de 1986. É de arrepiar...
Em outubro do ano passado (2012) foi lançado o quarto álbum de Jackie Evancho, chamado de Songs from de Silver Screen, contendo 12 músicas usadas em vários filmes, inclusive alguns filmes da Disney, arranjadas por Bill Ross. Assim que possível, vou dar uma conferida neste álbum.
Eu sinceramente desejo que Jackie Evancho continue em ascenção, continue desenvolvendo sua técnica e aprimorando o talento que já possui. Eu, particularmente, já virei fã.
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