segunda-feira, 5 de março de 2012

Jean Michel Jarre

Se você já tem uma certa idade, assim como eu, certamente já ouviu falar de Jean Michel Jarre.


Teve uma época, lá por 198x, a televisão mostrava trechos dos shows do Jean Michel Jarre, se me recordo bem era no Fantástico, da Globo. Ele era anunciado como o "mago dos teclados", e na minha cabeça de criança era mais ou menos assim que eu o via. Aquele uso compulsivo de lasers (ele tinha até uma harpa laser!) e aquele teclado circular cujas teclas se iluminavam ao ser pressionadas, bastaram para me deixar fascinado. É muito provável que foi ali que eu comecei a gostar de teclados e sintetizadores, mesmo sem nem saber o que era um "sintetizador" na época.

Jean Michel Jarre nasceu em agosto de 1948, francês, filho de Maurice Jarre (isso mesmo, o Maurice Jarre especialista em trilhas sonoras de filmes). Ele é, acima de tudo, um experimentador. Aliás, esta mesma qualidade de "experimentação" foi o que o levou a brigar com a gravadora Disques Dreyfus, depois de 25 anos juntos. Atualmente, a sua gravadora é a EMI. Reza a lenda que era comum Jarre entrar noites a dentro no estúdio em busca de sons diferenciados, inclusive usando objetos e técnicas nada ortodoxas para obter sons alguns sons incomuns e inovadores, dando a algumas de suas músicas um ar bastante experimental.

A obra-prima de Jarre é, na minha opinião, o álbum Rendez-Vous, de 1986.


Eu quase gastei o LP de tanto ouvir. Ainda está lá em casa, só que devidamente digitalizado, é claro.

Este álbum teve também uma importância histórica, pois "(Jarre) trabalhou num concerto com a NASA: o astronauta Ronald McNair iria tocar o solo de saxofone da música Rendez-Vous VI enquanto estivesse em órbita no ônibus espacial Challenger, enquanto os seus batimentos cardíacos seriam usados como amostras de som na mesma música. Esta seria a primeira música gravada do espaço, a ser incluída no álbum Rendez-Vous. Após o desastre com a espaçonave Challenger em 28 de janeiro de 1986, a música foi gravada com outro saxofonista, recebeu o nome de Last Rendez-Vous - Ron's Piece e tanto a música, como o álbum, foram dedicados aos astronautas mortos no acidente com a Challenger." (fonte: Wikipedia)

Outros álbuns de Jarre que merecem destaque, na minha opinião, são o Oxygene, de 1976 (seu primeiro LP totalmente instrumental e sintetizado), Equinoxe (1978), o fantástico Chronologie (1993) e o Waiting for Cousteau, de 1990, um álbum em homenagem ao famoso oceanógrafo e documentarista Jacques-Yves Cousteau. Destaques também para o The Concerts in China, de 1982, e o A.E.R.O., de 2004, um fôlego extra de Jarre dentro das tendências contemporâneas da música eletrônica pós 2000.


No video abaixo temos um trecho de um dos shows de J.M. Jarre. Tudo bem, talvez hoje em dia um show assim até seria considerado brega (em particular pela quantidade de fotos de artifício, um tanto exagerada), mas é interessante ver os conceitos que estavam ali presentes. O uso dos prédios e arquitetura local como painéis de projeção, a mistura de coral de vozes e instrumentos acústicos com sintetizadores e lasers, e toda aquela parafernália eletrônica (destaque para as partituras sendo dinamicamente exibidas em monitores CRT de fósforo verde!!), foram, no mínimo, referência para todos os shows de grande porte que vieram depois.


O som e imagem destes videos não está muito legal, mas provavelmente foram digitalizados de algum VHS. Dá para dar um desconto, né?
E no vídeo abaixo, provavelmente a música mais conhecida de Jean Michel Jarre, também do álbum Rendez-Vous. E dá-lhe mais fogos de artifício! (Confesso que até hoje tenho minhas dúvidas se aquele teclado luminoso funcionava mesmo ou se era apenas um apelo visual... porque, se era real mesmo, haja mão para tocar um simples acorde de quinta naquelas teclas largas!)


É bem verdade que atualmente, Jean Michel Jarre, em seus 63 anos de idade, já não produz nada novo. Sua produção atual é, basicamente, reformular seus antigos sucessos e fazer algumas turnês para mostrar esta "nova roupagem" de seus hits. Para mim, isto já não tem muito valor. Várias de suas obras são sensacionais do jeito que foram lançadas. Eu sei que a tecnologia dos sintetizadores melhorou muito nos últimos 30 anos, mas nem por isso você precisa ficar "atualizando" a sonoridade de antigas obras. Acredito que o auge de criatividade de Jean Michel Jarre está lá entre 1976 e 1993, mas já basta para lhe garantir um lugar de destaque na música contemporânea.

Para finalizar, lembro que eu ficava lendo na capa do LP quais eram os intrumentos que J.M.Jarre usava. Ficava imaginando como deveria ser legal ter pelo menos um daqueles teclados. Era um texto do tipo:

Equinoxe (1978)
Jean Michel Jarre played the following instruments:

2600 ARP Synthesizer, AKS Synthesizer, VCs 3 Synthesizer, YAMAHA Polyphonic Synthesizer, OBERHEIM Polyphonic Synthesizer, RMI Harmonic Synthesizer, RMI Keyboard Synthesizer, RMI Keyboard Computer, ELKA 707, KORG Polyphonic Ensemble, Eminent, Mollotron, ARP Sequenzer, OBERHEIM Digital Sequenzer, Matrisequencer 250, Rhythmicomputer, Vocoder E.M.S.


Atualmente, a Internet nos proporciona conhecer um pouco melhor alguns destes instrumentos. Se você ficou curioso, só para ilustrar, dá uma olhada numa demonstração do 2600 ARP Synthesizer.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ppnNs4KE8Z0

Que tal?

3 comentários:

Unknown disse...

Eu também ficava lendo na contracapa o nome dos instrumentos e ficava curioso. Na época não tinha a internet de hoje para pesquisar e ver no YouTube como funcionavam.

Anônimo disse...

Muito bom o post. Vc sabe me dizer a diferença entre o Oxygene de 1976 e o de 1997? Qual vc recomenda?

Alexandre Lima disse...

O Oxygene de 76 é o primeiro álbum desta suíte, que são os Oxygene do 1 ao 6. O álbum de 97 é a continuação, sendo os Oxygene do 7 ao 13. Qual eu recomendo? Os dois são ótimos, não daria para escolher um. Os Oxygene estão entre os melhores álbuns do JMJ.
Abraço!