Aqui vale a pena diferenciar tessitura vocal de extensão vocal. Tessitura vocal é o conjunto de notas que o cantor ou cantora consegue articular sem esforço e com um timbre com qualidade suficiente para que possa ser usado musicalmente. Já a extensão vocal seria o conjunto de notas que o cantor ou cantora até consegue emitir, mas a custo de um esforço anormal e/ou comprometimento da qualidade.
Então acabei me deparando com duas curiosidades, que gostaria de compartilhar com vocês. A primeira: no mundo da música clássica, em qual obra está a nota cantada mais aguda? Tente adivinhar. Bom, se você chutou aquela famosa ária da rainha da noite (Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen), da ópera Flauta Mágica (Die Zauberflöte), de Mozart, saiba que QUASE acertou.
Na peça acima, a nota mais alta é um Fá6 (F6). Já é para poucas pregas vocais no mundo, mas este F6 ainda não é a nota campeã.
A nota mais alta exigida de um gogó de soprano é um Sol6 (G6), também em uma peça de Mozart, uma ária de concerto chamada Popoli di Tessaglia. O vídeo que escolhi não está com áudio/imagem perfeitos, mas é pela interprete: Natalie Dessay. Que voz! Se estiver meio sem tempo, assista o vídeo a partir dos 6min45seg. Respeitável, não?
Atualmente, no Guinness, estão registrados recordes para a voz masculina e a voz feminina. O recorde da voz masculina pertence a Tim Storms, cujo forte mesmo são as notas graves. Ele consegue uma extensão de 10 oitavas, indo do G/G#-5 até o G/G#5 (0.7973 Hz - 807.3 Hz). Sinceramente, abaixo dos 20 hertz a gente nem sequer consegue ouvir! E obviamente ele só consegue registrar isto com um microfone praticamente enfiado dentro do nariz, porque não há potência sonora alguma. Não consegui encontrar nenhum vídeo decente. Aliás, não consigo nem sequer entender como ele atingiria notas abaixo de 8 Hz, por exemplo. Mas enfim...
A nota mais aguda emitida por um homem, registrada no Guinness, pertence a Adam Lopez Costa. É um Dó#8. Parece que o cara engoliu um apito. No vídeo abaixo, temos uma demonstração (não desta nota, mas quase):
Para a voz feminina temos uma brasileira! Vejam só, prata da casa. Georgia Brown chegou a estar no livro Guinness por dois recordes: maior extensão e nota mais aguda. Mas, no quesito nota mais aguda, parece que teve problemas em provar isto e então ela acabou perdendo o posto para o Adam Lopez. Mas conta a lenda que ela alcança de um Sol2 até um inaudível (literalmente!) Sol10. Esta frequência é realmente inaudível para o ouvido humano e só pode ser captada com instrumentos eletrônicos. Tão esquisito quanto o ultra-grave do Tim...
É impressionante, sem dúvida, mas tenho lá minhas dúvidas da real utilidade de um recurso destes para a música em geral. Talvez para música experimental, ou algo assim. Se você estiver com problemas de mosquitos na sua casa, aumente o volume das caixas acústicas do seu micro e veja o vídeo abaixo:
Brincadeiras à parte, a voz dela é bacana e fica aceitável quando ela canta em uma extensão, digamos, mais normal. O mesmo vale para os outros recordistas.
Depois de ter visto todas estas habilidades vocais, aquela famosa diva alienígena azul do filme O Quinto Elemento ficou sendo algo até mais factível (você lembra da cena?). A dona daquela voz absurdamente encantadora é a cantora Inva Mula Tchako, que você pode ver na foto abaixo.
(A atriz que topou vestir aquela fantasia esquisitíssima de Diva Plavalaguna foi a atriz francesa Maiwenn Le Besco).
(À esquerda: cena do filme "O quinto elemento"; à direita, a cantora Inva Mula Tchako)
Embora alguns digam que não, o fato é que teve algum processamento de áudio, é claro. Mas talvez menos do que a gente imagina. Segue abaixo um link para um vídeo com a música (que na verdade são duas músicas, primeira parte: Ato3, cena 2 Il dolce suono, de Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti, segunda parte: the Diva Dance, composto por Eric Serra.
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