Eu tenho duas grandes paixões musicais sobre as quais, sempre que possível, gosto de ler, entender mais e experimentar: a música erudita e a música eletrônica. Pode parecer meio estranho em um primeiro momento, mas não é. Gosto da beleza, da profundidade e da complexidade da música erudita. E gosto também do caráter experimental, vanguardista e por vezes até mesmo tribal da música eletrônica. Em minha vida, já tive algumas calorosas e irritantes discussões sobre meus gostos musicais supostamente incompatíveis. Hoje apenas acho divertido e constrangedor as limitações mentais de algumas pessoas.
Uma boa introdução sobre a música eletrônica pode ser obtida aqui:
http://en.wikipedia.org/wiki/Electronic_music
Um guia muito legal que eu encontrei na Web sobre música eletrônica é o Ishkur's Guide to Electronic Music. São info-gráficos feitos em flash, com amostras de cada um dos sub-gêneros, agrupados em suas grandes famílias de estilo (house, trance, techno, etc.). Este valoroso trabalho pode ser conferido no link abaixo:
http://techno.org/electronic-music-guide
Nestes gráficos é possível, inclusive, compreender melhor as conexões que existem entre os diferentes sub-gêneros, bem como a época na qual ele teve origem. Abaixo, uma tela capturada para dar uma idéia:
Eu particularmente gosto mais de Trance, principalmente o seu sub-genêro GoaTrance. Mas é como disse o Armin van Buuren: Não seja prisioneiro de seu próprio estilo!
Você pode conferir o trabalho deste DJ no YouTube (confira este trecho do show "Imagine", de 2008) ou também no site Digitally Imported, que é uma rádio via Web, na qual o DJ Armin tem um programa semanal.
domingo, 26 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Martha Argerich
No último domingo, dia 5, a famosa pianista Martha Argerich fez 70 anos.
Martha é uma pianista de origem argentina. A sua aversão pela imprensa e publicidade afastou-a das câmeras durante quase toda a sua carreira, tendo dado relativamente poucas entrevistas. Por causa disto, ela é menos conhecida do grande público que outros artistas de envergadura semelhante. No entanto, Martha é amplamente reconhecida como uma das maiores pianistas de seu tempo.
No vídeo abaixo, Martha novinha ainda, executando brilhantemente a Polonaise nº6, de Chopin:
http://www.youtube.com/watch?v=KCSEwfqs-VM
Ou ainda, no Festival Verbier de 2008, Martha executando a Partita n.2, de Bach:
http://www.youtube.com/watch?v=7mFDXNODNyc&feature=related
Martha Argerich nos oferece ainda uma das melhores interpretações do complicadíssimo (e maravilhoso) Concerto para Piano nº 3 de Rachmaninoff, considerada por muitos como a sua versão definitiva.
Quem assistiu o filme Shine sabe que o "Rach 3" pode fazer o pianista pirar...
Mais informações sobre esta genial pianista aqui.
Martha é uma pianista de origem argentina. A sua aversão pela imprensa e publicidade afastou-a das câmeras durante quase toda a sua carreira, tendo dado relativamente poucas entrevistas. Por causa disto, ela é menos conhecida do grande público que outros artistas de envergadura semelhante. No entanto, Martha é amplamente reconhecida como uma das maiores pianistas de seu tempo.
No vídeo abaixo, Martha novinha ainda, executando brilhantemente a Polonaise nº6, de Chopin:
http://www.youtube.com/watch?v=KCSEwfqs-VM
Ou ainda, no Festival Verbier de 2008, Martha executando a Partita n.2, de Bach:
http://www.youtube.com/watch?v=7mFDXNODNyc&feature=related
Martha Argerich nos oferece ainda uma das melhores interpretações do complicadíssimo (e maravilhoso) Concerto para Piano nº 3 de Rachmaninoff, considerada por muitos como a sua versão definitiva.
Quem assistiu o filme Shine sabe que o "Rach 3" pode fazer o pianista pirar...
Mais informações sobre esta genial pianista aqui.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Rossini e Laranja Mecânica
Ainda dentro desta temática de música erudita em filmes, lembrei-me de um caso célebre em minha vida. O filme em questão trata-se de A Clockwork Orange (ou "Laranja Mecânica" aqui no Brasil), de 1971, uma obra-prima de Stanley Kubrick. Detalhes sobre o enredo do filme podem ser conferidos aqui.
Na figura acima temos uma das muitas capas do filme e, como se pode notar, é dada uma ênfase a Beethoven. Inclusive, se não me engano, na época em que eu vi o filme (em VHS), era uma capa bem semelhante a esta. Isto, somado a minha considerável ignorância musical, fez com que eu passasse boa parte da adolescência pensando que todas as músicas do filme eram de Beethoven.
Bom, ao menos a 9ª Sinfonia de Beethoven eu já conhecia e realmente ela aparece várias vezes no filme. Inclusive, como o enredo nos conta, ela tem um papel muito interessante e dá um toque especial à história. Mas, por alguma razão, meu cérebro estava convencido de que as outras músicas interessantes do filme também eram de Beethoven. Fiquei perdido nesta busca infrutífera por vários meses (você sabe, naquela época não haviam as facilidades que hoje a Internet nos proporciona...).
Não me lembro como foi exatamente, mas juntando uma pista aqui, outra ali, fui descobrindo que o filme continha mais Rossini do que Beethoven. Pelo que me lembro, a única coisa que eu conhecia de Rossini na época era a abertura da ópera O barbeiro de Sevilha, que provavelmente TODO mundo conhece (quem nunca viu este clássico episódio do Pernalonga?).
Gioachino Antonio Rossini (1792-1868) foi uma espécie de "compositor pop" de sua época. Sua música leve, inventiva e alegre acessava facilmente todas as camadas da sociedade, proeza que se mantém até hoje. Nascido poucos meses após a morte de Mozart, Rossini foi o maior compositor de ópera entre as décadas de 1810 e 1830, quando então abandonou prematuramente a composição.
No filme Laranja Mecânica, a música que toca na famosa cena com a mulher dos gatos é a abertura da ópera La urraca ladrona. Dê uma conferida nos links abaixo:
Cena da mulher dos gatos (imperdível!!):
http://www.youtube.com/watch?v=wbRSag-L-GQ
Abertura da ópera La urraca ladrona, de Rossini:
http://www.youtube.com/watch?v=A8pN5jTyO4E&feature=related
Numa outra cena, onde o personagem Alex faz sexo com duas adolescentes em imagem acelerada, a música que temos é a abertura da ópera Guillherme Tell, de Rossini. Aliás, esta ópera foi a última dele, escrita em 1829.
Na figura acima temos uma das muitas capas do filme e, como se pode notar, é dada uma ênfase a Beethoven. Inclusive, se não me engano, na época em que eu vi o filme (em VHS), era uma capa bem semelhante a esta. Isto, somado a minha considerável ignorância musical, fez com que eu passasse boa parte da adolescência pensando que todas as músicas do filme eram de Beethoven.
Bom, ao menos a 9ª Sinfonia de Beethoven eu já conhecia e realmente ela aparece várias vezes no filme. Inclusive, como o enredo nos conta, ela tem um papel muito interessante e dá um toque especial à história. Mas, por alguma razão, meu cérebro estava convencido de que as outras músicas interessantes do filme também eram de Beethoven. Fiquei perdido nesta busca infrutífera por vários meses (você sabe, naquela época não haviam as facilidades que hoje a Internet nos proporciona...).
Não me lembro como foi exatamente, mas juntando uma pista aqui, outra ali, fui descobrindo que o filme continha mais Rossini do que Beethoven. Pelo que me lembro, a única coisa que eu conhecia de Rossini na época era a abertura da ópera O barbeiro de Sevilha, que provavelmente TODO mundo conhece (quem nunca viu este clássico episódio do Pernalonga?).
Gioachino Antonio Rossini (1792-1868) foi uma espécie de "compositor pop" de sua época. Sua música leve, inventiva e alegre acessava facilmente todas as camadas da sociedade, proeza que se mantém até hoje. Nascido poucos meses após a morte de Mozart, Rossini foi o maior compositor de ópera entre as décadas de 1810 e 1830, quando então abandonou prematuramente a composição.
No filme Laranja Mecânica, a música que toca na famosa cena com a mulher dos gatos é a abertura da ópera La urraca ladrona. Dê uma conferida nos links abaixo:
Cena da mulher dos gatos (imperdível!!):
http://www.youtube.com/watch?v=wbRSag-L-GQ
Abertura da ópera La urraca ladrona, de Rossini:
http://www.youtube.com/watch?v=A8pN5jTyO4E&feature=related
Numa outra cena, onde o personagem Alex faz sexo com duas adolescentes em imagem acelerada, a música que temos é a abertura da ópera Guillherme Tell, de Rossini. Aliás, esta ópera foi a última dele, escrita em 1829.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Schubert além do jardim
Ontem finalmente assisti o filme Being There, de 1979, que aqui no Brasil recebeu o título de Muito além do jardim. Um amigo meu havia me recomendado este filme há uns 20 anos atrás e ontem finalmente tive a oportunidade. A vida, muitas vezes, é mesmo uma questão de tempo.
É um filme muito bonito, daqueles que você tem que saber assistir. Erroneamente classificado como comédia (como você pode ver neste link), é daqueles filmes que gera horas e horas de boa conversa, principalmente se você tiver boa companhia para tal. Na época, Peter Sellers ganhou o Oscar de melhor ator por esta interpretação. Após ver o filme, é fácil entender os motivos.
Logo no primeiro minuto de filme, o personagem Chance é despertado pela televisão, que ao ligar coincide com o início de uma música clássica. A julgar pela quantidade de perguntas na Internet, muitas pessoas queriam saber que música era aquela. E tomando como base a quantidade de respostas erradas, dá para se ter uma idéia que música erudita não é para as massas mesmo.
Trata-se da Sinfonia nº 8, D759, de Franz Schubert, a famosa sinfonia "Inacabada". Apesar do nome, não foi a última sinfonia composta por Schubert. Essa sinfonia, composta em 1822, não foi ouvida até o manuscrito ser redescoberto e apresentado em 1865. Só tem dois movimentos, embora existam esboços para um 3º movimento, o que desacretida as teorias de que Schubert considerava a obra terminada.
No YouTube temos várias interpretações. Encontrei uma razoavelmente boa (embora concorde que falte romantismo nesta interpretação) que você pode conferir nos links abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=t12EAoed3D0
http://www.youtube.com/watch?v=ED5QZEEG09g&NR=1
Muitas interpretações exageram no "moderato" do Allegro Moderato e executam o primeiro movimento excessivamente lento, na minha opinião. Mas também não precisamos exagerar, como fez Toscanini.
A parte central do primeiro movimento (desenvolvimento), onde podemos ouvir incríveis e dramáticos acordes em diminuta explorados com maestria, são magníficos exemplos de música romântica. Realmente imperdível. E uma dica: aproveite que seus vizinhos não estão em casa e ouça alto!
Franz Schubert viveu apenas 31 anos (1797-1828), tendo sido atacado pela sífilis em 1822. Boa parte do desespero que tomou conta de seu espírito, bem como toda a tensão emocional decorrente da doença e de sua situação financeira, aparecem na Sinfonia nº8.
Situar a obra de Schubert dentro do contexto clássico ou romântico sempre foi um dilema. Acredito que provavelmente devido à transição de uma época para outra. Sua vasta produção conta com obras sacras e corais, música orquestral, incluindo nove sinfonias, mais de 70 obras de câmara e peças para piano, entre elas 21 sonatas. Aliás, entre as peças para piano temos os maravilhosos Momentos Musicais (ouve só o n.3 nas mãos de Horowitz... mestre é mestre, simplesmente emocionante).
Mais informações sobre pode ser obtidas aqui.
É um filme muito bonito, daqueles que você tem que saber assistir. Erroneamente classificado como comédia (como você pode ver neste link), é daqueles filmes que gera horas e horas de boa conversa, principalmente se você tiver boa companhia para tal. Na época, Peter Sellers ganhou o Oscar de melhor ator por esta interpretação. Após ver o filme, é fácil entender os motivos.
Logo no primeiro minuto de filme, o personagem Chance é despertado pela televisão, que ao ligar coincide com o início de uma música clássica. A julgar pela quantidade de perguntas na Internet, muitas pessoas queriam saber que música era aquela. E tomando como base a quantidade de respostas erradas, dá para se ter uma idéia que música erudita não é para as massas mesmo.
Trata-se da Sinfonia nº 8, D759, de Franz Schubert, a famosa sinfonia "Inacabada". Apesar do nome, não foi a última sinfonia composta por Schubert. Essa sinfonia, composta em 1822, não foi ouvida até o manuscrito ser redescoberto e apresentado em 1865. Só tem dois movimentos, embora existam esboços para um 3º movimento, o que desacretida as teorias de que Schubert considerava a obra terminada.
No YouTube temos várias interpretações. Encontrei uma razoavelmente boa (embora concorde que falte romantismo nesta interpretação) que você pode conferir nos links abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=t12EAoed3D0
http://www.youtube.com/watch?v=ED5QZEEG09g&NR=1
Muitas interpretações exageram no "moderato" do Allegro Moderato e executam o primeiro movimento excessivamente lento, na minha opinião. Mas também não precisamos exagerar, como fez Toscanini.
A parte central do primeiro movimento (desenvolvimento), onde podemos ouvir incríveis e dramáticos acordes em diminuta explorados com maestria, são magníficos exemplos de música romântica. Realmente imperdível. E uma dica: aproveite que seus vizinhos não estão em casa e ouça alto!
Franz Schubert viveu apenas 31 anos (1797-1828), tendo sido atacado pela sífilis em 1822. Boa parte do desespero que tomou conta de seu espírito, bem como toda a tensão emocional decorrente da doença e de sua situação financeira, aparecem na Sinfonia nº8.
Situar a obra de Schubert dentro do contexto clássico ou romântico sempre foi um dilema. Acredito que provavelmente devido à transição de uma época para outra. Sua vasta produção conta com obras sacras e corais, música orquestral, incluindo nove sinfonias, mais de 70 obras de câmara e peças para piano, entre elas 21 sonatas. Aliás, entre as peças para piano temos os maravilhosos Momentos Musicais (ouve só o n.3 nas mãos de Horowitz... mestre é mestre, simplesmente emocionante).
Mais informações sobre pode ser obtidas aqui.
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